Muito antes da Lei 12.587, de janeiro de 2012, ser promulgada, o Cuidar da Profissão já discutia as questões da mobilidade e seu impacto nos modos de produção de subjetividade.

 

A Psicologia tem feito uma importante crítica ao modelo de deslocamento prioritariamente motorizado, segundo o qual “andar a pé” ou “de bicicleta” tem sido constantemente desvalorizado e relacionado a formas pejorativamente negativas para a locomoção, transformando-se em comportamento de exposição a risco.

 

Para nós, do Cuidar da Profissão, é importante discutir uma mobilidade que seja sustentável e humana e que se constitua como realização plena do direito fundamental de ir e vir. Nessa construção, que envolve um conjunto amplo e complexo de ações em políticas públicas, os profissionais de Psicologia e equipes multidisciplinares tem condição de contribuir, para propor soluções de mobilidade humanas, seguras e com equidade. Deslocar-se não é privilégio nem é sinônimo de status ou de poder, deslocar-se é um direito que possibilita o exercício de outros direitos fundamentais, como acesso a saúde, educação, lazer, sociabilidade, entre outros.

 

Essa proposição nos implica com a discussão acerca da engenharia do espaço urbano e do transporte (público e privado) e pela luta pelo transporte público de qualidade. Ela envolve, ainda, uma série de aspectos: o deslocamento de pessoas e cargas; a acessibilidade; o comportamento dos usuários nas vias públicas e acidentes de trânsito; a motorização crescente e a saúde mental; o sistema capitalista e a economia; a exclusão e a desigualdade social; o desenvolvimento sustentável, a poluição e o cuidado ambiental; as políticas públicas de trânsito, a gestão pública compartilhada e a política de desenvolvimento urbano, entre tantos outros temas que poderiam ser aqui listados. Discutir a mobilidade implica em discutir uma complexa rede de sistemas intercambiáveis.

 

Portanto, o Cuidar da Profissão valoriza a(o)s colegas que estão protagonizando essa discussão e pretende seguir junto nessa luta. O tema da mobilidade humana atinge, sem dúvida, toda a sociedade, e o fortalecimento dessa luta deve contar com leituras, ações e diretrizes da Psicologia, de forma a possibilitar a redução das desigualdades, promovendo a inclusão social, principalmente no que se refere à mobilidade e acessibilidade.

 

A Psicologia deve CUIDAR disso!