O Movimento Pra Cuidar da Profissão tem insistentemente apresentado a temática das políticas públicas como central e estratégica para a Psicologia, reafirmando e avançando em propostas para esse campo nas plataformas relativas à gestão dos Conselhos de Psicologia.
Somos hoje uma profissão com presença ampliada, do ponto de vista de sua inserção histórica, no campo das políticas públicas. Um recente levantamento realizado pelo Conselho Federal de Psicologia indica que temos hoje 29.212 psicólogos atuando no SUS, 20.463 psicólogos atuando no SUAS e 1.103 psicólogas(os) atuando no Judiciário, sem contar as demais áreas das políticas públicas, que contam, ainda que em menor quantidade, com o trabalho de muitas(os) psicólogas(os).
Sem dúvida, essa ampliação de campo de trabalho é resultado da capacidade de demonstrar a contribuição possível da Psicologia para o avanço das políticas públicas que respondem à garantia de direitos da população brasileira. Esse foi um dos caminhos prioritários que o Cuidar da Profissão escolheu para ampliar que qualificar a presença das(os) psicólogas(os) na sociedade.
Para nós, a luta por políticas públicas de acesso a direitos significa comprometer a Psicologia com respostas para as urgências da sociedade brasileira. A Psicologia contribui com sua leitura para a construção e a definição das diretrizes que precisamos na constituição de ações do Estado para efetivar os direitos da população. Desse modo, entendemos prioritário o posicionamento de nossa categoria, que queremos encabeçar como Conselho profissional ao lado de outras entidades da Psicologia, em relação aos princípios, à implementação e à gestão das políticas públicas de garantia de direitos. A Psicologia tem algo a dizer sobre as políticas de promoção e cuidado em saúde; a Psicologia tem muito a dizer sobre as políticas de garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, sobre os avanços e mecanismos necessários no campo da assistência social, apenas para citar alguns exemplos. Ou seja, precisamos levar nosso posicionamento nas lutas que resultam em formulação, criação, transformação e implementação de políticas públicas. Isso traz reconhecimento para Psicologia e representa sua contribuição às necessidades da população.
Ao mesmo tempo, para nós, é fundamental que a Psicologia esteja presente nos diferentes âmbitos de controle social dessas políticas. Fazer representação em conselhos de controle social, assim como organizar e promover a participação das psicólogas(os) nas diversas conferências e outras instâncias de controle social, é para nós uma prioridade. A leitura da Psicologia e a qualidade da nossa intervenção profissional precisa ser colocada a serviço da construção democrática dessas políticas e, com isso, valorizamos também a Psicologia.
Paralelamente, é preciso que qualifiquemos o trabalho das(os) psicólogas(os) que atuam cotidianamente em serviços e instituições que compõem as políticas públicas. É preciso que estejamos atentos às condições de trabalho, às necessidades da população, às referências e produções acumuladas pela Psicologia que representem respostas para as demandas identificadas nesses serviços. A atuação cotidiana dessas(es) psicólogas(os) refere-se a uma realidade complexa, que apresenta muitos desafios. Qualificar essa prática é uma necessidade e, para isso, precisamos avançar na produção de referências. Nessa tarefa, o CREPOP tem sido um importante instrumento. De um lado, porque sistematiza e publica referências para a atuação em diferentes áreas das políticas públicas. De outro, pelo método que utiliza para realizar essa construção. Criar espaços de diálogo e escuta com as(os) psicólogas(os) trabalhadoras(es) nas diferentes políticas públicas é fundamental não apenas para produzir referências conectadas às exigências da prática cotidiana, mas para criar espaços de troca de experiências e reflexão entre trabalhadores de diferentes serviços.
Entendemos que o CREPOP avançará na medida em que responder a novos desafios das políticas públicas, como, por exemplo, a constituição de redes intersetoriais, mas também na medida em que o Conselho puder utilizar esse instrumento para cobrar, junto a gestores, a presença e as condições adequadas para o exercício profissional da Psicologia. Esse diálogo com os gestores das políticas públicas, sobretudo em momentos e situações estratégicas, é, para nós, fundamental e um novo desafio nesse campo, pois devemos, por meio dele, impulsionar a finalidade do CREPOP na direção de sua realização, qual seja, a ampliação qualificada da presença das(os) psicólogas(os) nas diferentes políticas públicas.
Assim, políticas públicas é para nós caminho para o protagonismo social da profissão. É caminho, portanto, para a Psicologia contribuir para a transformação da sociedade na direção da igualdade e da democracia e é também caminho para a Psicologia construir sua própria transformação, avançando em referências teóricas, técnicas e éticas na medida em que, ampliando sua presença social, complexifica suas demandas.
A Psicologia deve CUIDAR disso!