O Movimento Pra Cuidar da Profissão defende que o princípio da laicidade oriente a prática profissional das(os) psicólogas(os), inclusive para garantir o respeito às diversas crenças e a construção de projetos de intervenção a partir do universo de referências culturais que constituem a trajetória singular das pessoas com quem trabalhamos, garantidas as prerrogativas dos Direitos Humanos.
A Constituição brasileira de 1988 reafirmou, mediante aprovação popular, a laicidade do Estado. Isso foi de importância capital para a sociedade, pois garantiu sob a base segura deste princípio soberano – a laicidade – que a liberdade de “crença e consciência” pudesse aflorar e ser mantida, em todo seu matiz, entre a população.
Assim, houve uma grande proliferação de denominações religiosas, que até a Constituição de 1988 apresentavam-se timidamente no plano social. Ao lado destas, foi possível também que aqueles e aquelas que se declaram agnósticos(as) pudessem conviver harmoniosamente sob o manto protetor da laicidade do Estado e da ciência.
A Psicologia representada por seu órgão de classe, de grande atuação na manutenção do Estado de Direito e responsável pela orientação, fiscalização e regulamentação da profissão, tem zelado para que as práticas profissionais possam garantir, como preconiza o Código de Ética Profissional em seu Artigo 2º “b”, que não haja, por parte dos profissionais da Psicologia, indução a preceitos religiosos, ideológicos, políticos ou de qualquer natureza. Da mesma forma, em seu compromisso social, a Psicologia deve zelar para que grupos religiosos não ameacem a constituição livre das subjetividades por meio de imposições dogmáticas.
Assim, nós do Cuidar Profissão, respeitamos e valorizamos todas as denominações religiosas, estamos abertos ao diálogo, mas não nos furtaremos em impedir que aspectos dogmáticos possam ameaçar a constituição livre das subjetividades, do Estado e da ciência.
A Psicologia deve CUIDAR disso.