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A atuação profissional de todas(os) as(os) psicólogas(os) deve estar fundamentada no campo da ciência que denominamos Psicologia. Em linhas gerais, Ciência é um tipo de conhecimento que pretende produzir no campo das ideias uma tradução da realidade e de seus movimentos, utilizando-se de métodos validados para tal. Assim, as ciências têm métodos (caminhos para chegar à verdade) e técnicas (instrumentos desenvolvidos para aplicar métodos) de forma a escrutinar seu campo e objeto de estudo, em busca da ampliação do conhecimento sobre o mesmo. Ao estudo das complexas estruturas e concepções envolvidas na produção do conhecimento e relativas à sua natureza, sua origem e validade, dá-se o nome de epistemologia.

 

Uma característica marcante nas Ciências Humanas é a diversidade do campo de estudo, permeado por diferentes concepções e recortes em torno de seus objetos, os quais são, ao mesmo tempo, sujeitos, capazes de inúmeras interações. Na Psicologia como disciplina científica, o campo é permeado por diferentes enfoques epistemológicos que refletem visões de homem e de realidade e que se estruturam em grandes “linhas, escolas, forças ou matrizes”, dependendo da base epistemológica de cada campo teórico. Delas resultam diferentes definições de objeto e proposições metodológicas em Psicologia.

 

Alguns enfoques epistemológicos na Psicologia são compartilhados por muitos e aplicados simultaneamente a diferentes áreas do fazer psicológico. Tais enfoques, ao dominarem muitos campos, assumem um caráter hegemônico. Essas concepções refletem grandes acordos intersubjetivos partilhados (reconhecidos) por diferentes grupos dentro da Psicologia. 

 

Para nós do Cuidar, é preciso qualificar as referências de atuação e enfrentar os desafios da profissão, considerando as diferentes áreas e enfoques epistemológicos presentes na Psicologia. Assim como defendemos a perspectiva da atenção integral em relação aos usuários dos nossos serviços, defendemos a leitura e o diálogo com os profissionais da Psicologia considerando os seus múltiplos campos epistemológicos, teóricos, metodológicos, de atuação. Reconhecemos, no entanto, um desafio importante diante dessa diversidade de referências e enfoques presentes na Psicologia: é preciso permitir o desenvolvimento de novas perspectivas epistemológicas, garantindo-se a ampliação de produções teórico-técnicas que respondam às novas demandas da realidade e das vivências das pessoas com as quais trabalhamos, resguardado o rigor, a fundamentação teórica, a qualidade técnica e os princípios éticos da Psicologia.

 

A Psicologia deve avançar e se transformar ao longo do processo histórico. Assim se deu a constituição dos campos de saber hoje reconhecidos e é preciso que tornemos possível a construção de novas referências. Por isso, as epistemologias emergentes em Psicologia merecem uma atenção especial. Tais formulações, cujos corpos teóricos gradativamente vão sendo reconhecidos pela academia e pelo fazer psicológico, por meio do que se realiza o desenvolvimento da Ciência Psicológica, podem contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento de uma Psicologia Latino-americana e para o alargamento das possibilidades de nossa atuação profissional, na medida em que criamos novas formas de intervenção e respostas que dialogam com a realidade em que atuamos, com as novas práticas e diretrizes no campo da saúde e em outras áreas.

 

Conforme Moção aprovada no VIII CNP “apoiamos a inclusão do diálogo com as epistemologias não hegemônicas e os Saberes Tradicionais nos ambientes de formação e pesquisa”. É preciso remeter para o campo da pesquisa e da ciência as novas possibilidades de perspectivas teóricas e de atuação que se apresentam e manter diálogo com as mesmas, com o intuito de que avancem no sentido de sua validação e consistência. Assim, contribuímos para produção de referências em Psicologia, sem impossibilitar novas perspectivas de atuação e mantendo o compromisso com o desenvolvimento histórico da ciência psicológica e com o rigor diante dos parâmetros éticos pactuados pela categoria.

 

A Psicologia deve CUIDAR disso!

 

 

Psicologia Áreas e Epistemologias Emergentes: Porque os Conselhos de Psicologia devem cuidar disso

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