A nova morfologia do mundo do trabalho caracteriza-se por sua permanente reestruturação, flexibilização e precarização. Na perspectiva dessa nova forma de organizar o processo produtivo de trabalho, com consequências nefastas ao trabalhador, torna-se um desafio e ao mesmo tempo um imperativo a atenção à saúde do trabalhador. Nesse particular Saúde do Trabalhador se constitui como um campo de luta política na defesa de direitos inalienáveis: saúde, condições dignas de trabalho, preservação e promoção da vida. Na esteira das lutas combativas e com vistas à promoção da saúde do trabalhador emergem da Psicologia concepções práticas e teóricas que buscam ampliar a atuação da(o)s psicóloga(o)s que trabalham nesse segmento. No campo da Saúde do Trabalhador pede-se uma atenção especial para os nexos causais entre condições de trabalho e adoecimento, ou seja, fatores de risco para o desenvolvimento dos transtornos mentais, que inclui, segundo documentos elaborados, três nexos: (a) o trabalho como causa exclusiva do respectivo adoecimento; (b) o trabalho que contribui, não exclusivamente, para o adoecimento; (c) o trabalho como detonador ou agravador de distúrbio psíquico latente ou de doença já estabelecida. Dando sequência na produção de ferramentas e recursos para colaborar com as questões desse campo, nós do Cuidar da Profissão, comprometemo-nos vigorar as possibilidades de enfrentamento junto às(ao)s psicólogas(os) que atuam em Saúde do Trabalhador. Apontamos, em linhas gerais, algumas direções pelas quais redobraremos esforços interventivos:
Vigilância em Saúde
Priorizaremos produzir referências e atuar para garantir condições para a intervenção sobre determinantes dos agravos à saúde oriundos dos vários processos, condições e ambientes de trabalho. Nesse sentido, reforçaremos a importância da presença de psicólogas(os) nas equipes multiprofissionais de vigilância em saúde, a partir da clareza das contribuições possíveis da Psicologia em relação às mudanças da organização, dos processos de trabalho e das tecnologias que produzem efeitos perversos na constituição dos grupos e das relações das pessoas com o trabalho. Elaboraremos propostas como subsídios às(aos) psicólogas(os) que atuam na área para intervirem na eliminação de riscos ou no seu controle, bem como no acompanhamento da implementação das mudanças indicadas.
Educação e comunicação em Saúde
Realçaremos o processo de identificação das formas particulares com que os trabalhadores veem e lidam com riscos do trabalho, priorizando a elaboração de propostas de promoção à saúde para o conjunto de psicólogas(os) e trabalhadores, evidenciando o protagonismo desses atores diretamente inseridos na realidade social do mundo do trabalho. Será dada uma importância especial à comunicação de risco como estratégia para resolver situações a que populações/comunidade estão expostas.
Para isso, contamos com as(os) psicólogas(os) e sua experiência acumulada.
A Psicologia deve CUIDAR disso.