A Psicologia, ao longo de mais de 50 anos da profissão no Brasil, tem formado profissionais aptos para trabalharem com a avaliação psicológica em diversos contextos sociais. No âmbito do trânsito, a avaliação psicológica de motoristas é uma prática antiga em nossa história, que data antes mesmo do reconhecimento da Psicologia como profissão.
Nós, do Pra Cuidar da Profissão, defendemos que a avaliação psicológica de condutores, para a obtenção da CNH, ou para avaliação dos profissionais do trânsito, seja realizada por psicólogas(os) qualificadas(os) e atualizadas(os) permanentemente. Essa qualificação e atualização envolve o atendimento às normas do Contran, de um lado, e às normas e resoluções do Conselho Federal de Psicologia, e, em especial ao Código de Ética Profissional.
A avaliação psicológica deve ser um processo técnico e científico que promove, além da coleta de dados a partir de instrumentos adequados e atualizados a interpretação sobre os fenômenos pesquisados. Para isso, além dos testes psicológicos, é preciso contemplar a realização de estratégias como entrevistas em profundidade, dinâmicas de grupos,além de outros métodos e técnicas que possibilitem uma avaliação psicológica completa. A utilização e definição dos instrumentos de avaliação devem considerar testes psicológicos vigentes e aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia, e que sejam de acordo com a realidade social. O Cuidar apoia a autonomia do profissional na escolha das técnicas e métodos mais adequados para a investigação das capacidades sensório-motoras, de personalidade e afetivo-emocionais dos sujeitos “em trânsito”.
O Cuidar preza, ainda, pela manutenção e ampliação de um instrumental teórico e prático subsidiário a essa atividade, condizente com a realidade latino-americana, mais especificamente com a realidade brasileira. Preza também pelo rigor e pela lisura em relação aos parâmetros técnicos e éticos previstos para a realização dessa avaliação. Por isso defendemos todas as medidas para que os interesses privados, econômicos e de mercado, envolvidos nos processos de obtenção do CNH, não permitam o comprometimento da fidedignidade dos instrumentos de avaliação, a qualidade técnica do serviço prestado pelo profissional da psicologia além do rigor ético do mesmo em sua relação com usuários e outros profissionais.
A qualidade da formação para a realização dessa atividade é outra direção que defendemos. Acreditamos que não basta o conhecimento superficial de alguns testes psicológicos, obtidos durante a graduação, para dominar o seu manejo, seus resultados e indicações para avaliação com fins à obtenção de CNH. O risco de uma avaliação psicológica equivocada e opressora das diversas formas de subjetividade se tornaria, assim, presente, o que é inconcebível.
Por fim, afirmamos que a avaliação psicológica para o trânsito, ou de motoristas, deve vislumbrar em todos os aspectos os direitos humanos do usuário do trânsito, considerando a diversidade cultural e o contexto de desigualdades sociais que estamos inseridos.
A Psicologia deve CUIDAR disso!